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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Como e quando surgiu a Esclerose Múltipla.


Tudo começou em novembro de 1995, em Juquehy, praia do litoral norte de São Paulo.




Após mais um delicioso feriado prolongado de muito sol e badalação, estávamos quase saindo para pegar a estrada de volta à Santo André, quando o telefone tocou e pedi para minha amiga atender:

 - Sú, é a sua vizinha!

Fui atender e nesse andar do quarto até a sala senti um frio na barriga e tive o seguinte pensamento:
– Será que aconteceu algo com meus pais? Ela nunca ligou aqui!


O que vou falar agora é o que eu acredito, é a minha verdade!

- A emoção desse momento foi exatamente a mesma que senti quando estava sentada na maca do hospital ao saber que meu marido havia morrido. Naquele momento, há 6 anos atrás, tive o mesmo frio na barriga e muito medo do futuro também!


Quero fazer um adendo para você entender porque cheguei a estas conclusões:

A morte do meu marido foi tão marcante que lembro de tudo que senti, pensei e vivi no dia do falecimento dele. Foi traumatizante mesmo!

Após alguns anos do surgimento da Esclerose Múltipla, conseguimos fazer a ligação dos dois fatos para chegar ao que realmente desencadeou a doença. Só pude entender tudo isso com a ajuda de profissionais.

 O fato de eu não saber lidar com a perda do meu marido foi o que me levou, como falei na postagem anterior, a uma vida sem perspectivas e sem sonhos, pois todos os meus sonhos e planos morreram dentro de mim quando ele se foi. Isto fez de mim uma pessoa muito fragilizada emocionalmente e totalmente sem rumo. Eu estava com 30 anos e levava uma boa vida, estava terminando a faculdade e eu parecia estar bem aos olhos dos outros. Parecia, mas não estava nada bem!

Eu acredito que o telefonema resgatou a emoção e a paralisia emocional do dia que fiquei viúva e esse resgate foi o que desencadeou o meu primeiro surto. Foram segundos, mas o medo de perder os meus pais, foi o sentimento que tomou conta de mim naquele instante!


Voltando à história, graças a Deus nada com meus pais, mas um vizinho da rua de trás havia tirado a própria vida, ele era usuário de drogas e se enforcou! Foi muito triste receber esta notícia, mas juro que me senti aliviada em saber que todos em casa estavam bem.

A vida continuou e todo aquele medo da possibilidade de perder os meus pais, coisa que só aconteceu na minha cabeça e gerou este redemoinho de sentimentos sem nenhum fundamento. Esse medo gigante fez um estrago danado em mim, isto é, no meu cérebro!

 Na semana seguinte eu acordei com o braço esquerdo formigando, igual quando a gente dorme em cima – eu nem liguei e pensei: daqui a pouco passa – mas não passou!

Eu e minha mãe fomos no ortopedista – pensávamos que era da coluna, algum pinçamento. Como o médico achou um desvio na minha coluna, me pediu alguns exames de raio x e ultrassom.

Na semana seguinte começou a formigar a mão direita e ligamos para o ortopedista, que logo disse:

Se passou para o outro lado é neurológico!

Essa palavra assusta qualquer um:
N E U R O L Ó G I C O

Fomos ao neurologista que ele indicou.

Este médico me fez vários exames estranhos em consultório. Eu estava bem assustada!

Hoje sei que são exames clínicos para verificar a sensibilidade, a força e motricidade, principalmente dos membros. Saí de lá com um pedido de Ressonância Magnética do Cérebro com a suspeita de Esclerose Múltipla.

Eu e minha mãe lemos aquilo já no carro e eu falei: esclerose é doença de velho e rimos disso. Acho até que rimos porque o medo era muito grande, justamente porque estávamos entrando num mundo desconhecido.

Minha mãe disse:
- Calma, seja o que for, vai passar!

Minha mãe sempre foi e é muito otimista, tanto que eu digo que para eu passar tudo isso que já passei, Deus tinha mesmo que me dar uma mãe muito porreta!
Ela é otimista e guerreira demais – ainda bem que herdei essas qualidades dela, isto é, acredito que aprendi vendo o seu exemplo perante a vida – mas ela ganha de mim – com certeza!

Estou falando de uma era pré Google. A internet estava começando no Brasil, não existiam sites de busca e a única informação que eu tinha era um nome de doença que eu achava que era de velho escrito em um pedaço de papel. Não fazia ideia do que a vida me reservava.


E foi assim que a Esclerose Múltipla apareceu por aqui!


Quero deixar uma linda música do grande poeta Renato Russo, que passa muitos ensinamentos pra gente: