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domingo, 18 de outubro de 2015

Saí do hospital e foi em casa que pude ver o tamanho da encrenca!

No hospital a gente fica cheia de cuidados e zelos de todos, mas quando me vi sozinha no meu quarto é que percebi o quanto estava debilitada e dependente...chorei, chorei demais......foi muito sofrido topar com essa nova realidade.

Como você já sabe, eu tinha aqui minha fiel companheira e mãe que não deixou a peteca cair, graças a Deus!

Hoje sei o quanto ficar positiva foi essencial para minha recuperação e essa é minha PRINCIPAL RECOMENDAÇÃO A TODOS OS LEITORES:

- FICAR TRISTE TODO MUNDO FICA, AGORA FICAR RECLAMANDO E COM AUTOPIEDADE POR SER A PESSOA MAIS INFELIZ E AZARADA DO MUNDO EU NÃO ACEITO E NUNCA ACEITEI, MAS INFELIZMENTE VEJO ESTE POSICIONAMENTO EM MUITAS PESSOAS COM ESCLEROSE MÚLTIPLA OU OUTRAS PATOLOGIAS.

O PIOR É QUE EU SEI QUE ISTO OCORRE DE UMA FORMA INCONSCIENTE PARA A PESSOA E FAZ PARTE DO PROCESSO DE CADA UM. A DOENÇA ESTÁ EM NÓS PARA QUE APRENDAMOS ALGO E CADA UM VAI TER SEU MOMENTO E MODO DE REAGIR.
SEI QUE UM DIA TODOS VÃO ACORDAR DESTA TERRÍVEL FASE, ONDE USAMOS A DOENÇA PARA CHAMAR A ATENÇÃO!

EU TAMBÉM TIVE A MINHA FASE DE VÍTIMA E DEIXEI A VÍTIMA BEM MORTA E ENTERRADA PARA DAR LUGAR A VITORIOSA E GUERREIRA!

A SENSAÇÃO E O GOSTINHO DE VENCER A SI MESMO E INDESCRITÍVEL!!!

Eu sofri muito nessa primeira semana em casa ao descobrir que não conseguia sair da cama e ir até o banheiro sem ajuda. Quando eu queria dar o passo, a perna não ia, não obedecia.

Escovar os dentes também era bem difícil, porque eu não tinha coordenação motora.

Escrever era muito difícil e a letra estava péssima.

Falava com dificuldade, engolir também era diferente e engasgava com facilidade

Comer com garfo e faca impossível. Cortar um alimento nunca, poderia cortar o dedo e nem sentir, pois além da falta de coordenação motora, eu não sentia o ponta dos dedos e as duas mãos formigavam sem parar.

Abotoar minha roupa também não conseguia.

E quando fui sair de casa descobri que não sabia mais amarrar o tênis!!!!

A cada nova descoberta era um rio de lágrimas e uma avalanche de medos e pensamentos negativos.
E assim passou a semana e o novo ano chegou!

1996!


Virei o ano sem ver a queima de fogos na praia de Juquehy, onde tínhamos uma casa desde 1987 e toda virada de ano estávamos lá!

Minha vida mudou muito e a revolta foi inevitável!

Antes da minha internação e de eu saber da danada da Esclerose Múltipla, pensávamos que meus sintomas vinham de alguma complicação na coluna e eu estava me tratando com um Terapeuta Holístico que também era Quiropata. Ele estava cuidando da minha coluna e de uma escoliose gigante que eu tinha.

Voltei nele ainda no começo de janeiro, contando da terrível descoberta, Da internação e levei as Ressonâncias Magnéticas para ele ver. Me ouviu atentamente e quando ele abriu os exames disse logo que não entendia nada daquilo e disse que tinha um amigo e ex-aluno de terapia, que além de fazer tudo que ele fazia (como Terapeuta Holístico e Quiropata), também era Neurologista e saberia entender uma Ressonância.

Na hora ele já ligou para esse Neurologista!

Ele foi de um desprendimento muito bonito de se ver e cada dia mais raro, infelizmente!

Ficou claro que o que importava pra ele, era eu estar bem amparada em boas mãos.

Nunca o fato de deixar de ganhar dinheiro comigo, pois ele poderia me enrolar por um bom tempo, com inúmeras sessões de terapia, mas não!

 Foi humano e honesto!

O admiro demais por isso.

Você ainda vai me ver falar desse ser tão maravilhoso e evoluído!

Aqui no blog, vou chamar este terapeuta de CP.

Agradeço tanto a este amigo por esse gesto que o indico de olhos fechados, mas evito citar nomes neste blog para não parecer que faço propaganda. Passo o contato de qualquer profissional, é só me pedir.

Voltando a minha história:

Fui no consultório do novo Neurologista dois dias depois. Marcamos um horário a noite pois sua agenda estava lotada e ele abrira uma exceção.

Só que erramos o dia, fomos um dia antes mas ele nos fez esperar, desmarcou compromissos e me atendeu!

Ficamos 3 horas em consulta, eu e minha mãe.

Assim que entramos na sala dele, dei-lhe os exames e ele os pois de lado e disse: 

- Depois eu olho isso, agora me digam o que está acontecendo!

Relatamos tudo detalhadamente, pois ele me parava sempre e fazia muitas perguntas. Muito atencioso e tão diferente daquele neuro insensível que me diagnosticou e me internou!

Depois de me ouvir, me examinou e disse os locais que estavam as lesões do meu cérebro e falou em seguida:

- Agora quero ver seus exames.

Depois disso conversamos muito e então ele me perguntou:

- Depois de um Ser Superior que não importa o nome que você dá, quem é a pessoa mais importante pra você?

E eu respondi:

- Eu!

E ele disse:

- Então vou te ajudar!

Estou me tratando com este Neurologista, o Dr.  Paulo, até hoje!

São 20 anos!

Há uns 3 anos perguntei o que seria se a minha resposta fosse outra?

Paulo (é assim que me refiro a este amigo e parceiro dessa linda jornada chama da vida).

Ele sorriu e me disse:

- dificilmente você estaria bem como está hoje!

Essa música retrata muito como eu me sentia em janeiro de 1996:



Agora começa uma nova jornada neste blog!

Super beijo no coração

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